Por Leandro Becker, jornalista especializado em agronegócio
As incertezas no mercado de cana-de-açúcar, que vem de significativas perdas na safra passada por problemas climáticos e hoje enfrenta um cenário de alta nos custos e perspectiva de queda na produção, têm reforçado a importância de uma estratégia ainda pouco comum na gestão das usinas: usar a tecnologia como pilar do planejamento estratégico.
Pensar em médio e longo prazo já é uma realidade no setor, mas em momentos de crise um fator se sobrepõe: a rapidez para tomar boas decisões. É aí que a implantação de sistemas de automação e inteligência artificial oferece uma vantagem competitiva indiscutível, com recursos que vão desde estimativas mais precisas de produtividade até uma análise de dados em tempo real para orientar a gestão no canavial e no escritório.
O primeiro benefício desta estratégia está no campo. O monitoramento com atualização semanal via satélite das condições da lavoura e das estimativas de açúcar são cruciais para aumentar a eficiência na usina. A automação permite identificar não apenas a melhor época de colheita, mas também guiar o plano para o plantio, o que tem impacto direto em áreas como investimentos, logística e vendas.
“Um cliente nosso de Sertãozinho (SP) não tinha percepção de que ia registrar menos TCH e ATR do que no ano anterior. Mostramos que nossa plataforma já identificava um atraso no desenvolvimento da cana de aproximadamente 30 a 40 dias na fase de perfilhamento do canavial, ou seja, mesmo que visualmente as linhas tivessem fechadas, a cana estava mais fina e provavelmente mais curta, além de registrar um atraso fisiológico no início da maturação devido à alta atividade vegetativa do canavial entre o final de março e o início de abril. Logo, ele poderia ter adiado de 15 a 20 dias o início da safra, o que impactaria não só em economia de insumos como na oportunidade de produzir mais e negociar melhor”, afirma Jefferson Mello, gerente de produtos da Gamaya, que oferece soluções de inteligência agronômica para cana-de-açúcar.
Colheita na hora certa
No caso da colheita, a tecnologia apoia decisões para otimizar cada etapa, tanto a definição da sequência de áreas a serem colhidas como o planejamento das operações. “Com a ferramenta, é possível determinar a curva de projeção de TCH e ATR mais realista do que as curvas teóricas geralmente usadas pela programação de planejamento de colheita e, assim, identificar o pico da produtividade de cada área. E, se não puder antecipar a colheita, pode aplicar maturador químico para manter o nível mais alto. Isso pode trazer um ganho de 4 a 6 toneladas de açúcar por hectare, como analisamos em algumas áreas. Considerando que a média de produção é em torno de 11 toneladas de açúcar por hectare, significa que há oportunidades para aumentar a produtividade significativamente”, observa Mello.
Além disso, o mapeamento antecipado do melhor momento de colher permite adequar a distribuição da logística da usina, o que tem um peso ainda mais expressivo tendo em vista os recentes aumentos no preço dos combustíveis no Brasil. Outro diferencial é contar com uma alta assertividade de ATR em cada mês, o que permite planejar melhor qual vai ser o mix de produção no período.
Economia em insumos
A gestão de insumos também tem papel crucial. Se a usina erra a estimativa, aplica de forma errada e gasta mais. Se faz adubação média, acaba desperdiçando. “A nossa ferramenta, por exemplo, permite saber a situação específica de cada talhão para fazer uma alocação melhor dos recursos. Isso tem um peso ainda maior considerando que o nitrato de amônia está com um preço muito alto devido à guerra entre Rússia e Ucrânia. Errar a dosagem de insumo é muito caro, ainda mais neste momento”, explica o gerente.
A combinação entre análise em tempo real do canavial e a previsão do tempo também orienta o gestor a priorizar o tratamento de certas áreas ou adiar a aplicação de insumos diante da perspectiva de geada ou chuva. Isso é ainda mais crucial no pós-colheita, quando há operações como adubação e aplicação de herbicida, o que representa um custo de aproximadamente R$ 2 mil por hectare.
Melhora na gestão de pessoas
Outra vantagem competitiva do uso de automação e inteligência artificial na usina de cana é direcionar melhor o trabalho da equipe de colaboradores da usina. Afinal, o gestor consegue mais agilidade não apenas para fazer uma estimativa, mas nas revisões periódicas dos dados. “Em vez de fazer de três a quatro estimativas em campo por ano, com todo o investimento de pessoal, estrutura e planejamento prévio, ele recebe a atualização semanalmente na tela do computador. Isso permite direcionar melhor a força de trabalho e garantir mais eficiência”, reforça Mello, gerente de produtos da Gamaya.
A coleta de dados por meio de satélites que passam a cada 6 dias e conseguem captar imagens em média resolução até mesmo em dias nublados ou chuvosos traz mais segurança e previsibilidade. “Isso impacta diretamente os custos de logística e pessoal, sem contar a redução de tarefas no escritório. Fora os possíveis erros naturais da operação humana manipulando dados, o que não ocorre com o sistema digital, que gera análises semanais ou mensais em questão de minutos”, salienta.
Mais dinheiro em caixa
Mello diz ainda que a implantação da tecnologia como ferramenta de planejamento estratégico traz benefícios em longo prazo. Reduzir a taxa média de erro nas estimativas de 5% para 2%, por exemplo, pode significar uma economia de R$ 7 milhões para recuperar e/ou repor a quantidade de açúcar, considerando uma área de 10 mil hectares.
“Neste cenário, é possível renovar metade do canavial para a próxima safra apenas com essa economia. Isso sem contar que o dispor de dados precisos sobre o talhão e suas projeções de desempenho podem ajudar a negociar um preço melhor não só da produção própria, mas apoiar decisões como contratar ou renovar arrendamento”, ressalta.
Diferenciais da Gamaya
A Gamaya lançou recentemente um piloto do seu novo sistema de automação e inteligência automatizada para cana-de-açúcar. A tecnologia, que mescla alta precisão, ciência de dados e acompanhamento de especialistas em cana, oferece diferenciais como atualização via satélite, inclusive em dias nublados ou chuvosos, e elevada acurácia de ATR (até 99%) e TCH (mais de 95%) por um custo de aproximadamente R$ 0,50 por hectare – considerando uma área de 45 mil hectares.
Ao contratar o piloto, basta o cliente encaminhar uma lista de dados para implantar o sistema, incluindo resultados da safra anterior e atual. O acesso é liberado em até 7 dias, seguido do treinamento para uso da plataforma, que reúne as principais informações da automação de forma simples e intuitiva, em uma única tela. A Gamaya ainda oferece acompanhamento personalizado e orientações técnicas para cada cliente.
Para testar a ferramenta, entre em contato.
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