Perdas expressivas nos ciclos recentes reforçam necessidade de monitoramento constante e investimento em tecnologia para planejar do plantio à colheita
Por Leandro Becker, jornalista especializado em agronegócio
Todo gestor de usina sabe como estar atento ao clima é decisivo para uma operação mais segura e eficiente. Afinal, as safras recentes só reforçaram como as condições climáticas são um fator crucial para a produção da cana-de-açúcar – em novembro passado, por exemplo, a seca na região Centro-Sul do país segurou o desenvolvimento dos canaviais, enquanto o janeiro de 2023 mais chuvoso favoreceu a cultura.
Para os próximos meses, o Sistema TempoCampo prevê uma safra “confortável” do ponto de vista climático. Na prática, isso significa que, após um período de redução nas chuvas até meados de fevereiro, março terá condições melhores de precipitação, especialmente no Sudeste e no Centro-Oeste. Para abril, a expectativa é de uma reversão do quadro, com chuvas abaixo da média nas regiões Central e Sul.
De acordo com a meteorologista Nadiara Pereira, as condições do clima se mostram favoráveis para a próxima safra, que deve ser colhida em meados de março e abril. Também há no radar uma expectativa de um Outono mais seco que deve beneficiar o corte da cana de açúcar no centro-sul do país.
A perspectiva climática neste momento é crucial tendo em vista os impactos da chuva na colheita, o que causa preocupação nos gestores de usinas tendo em vista a necessidade de usar maturador – e, especialmente, no melhor momento para fazer isso, já que há um grande impacto disso no ATR, por exemplo. É o que ocorreu, por exemplo, em maio de 2022, quando a safra teve ATR mais baixo devido às chuvas.
Para estar mais bem informado sobre o clima, o uso de tecnologias como modelos de previsão climática e sistemas de alerta podem ser muito úteis para o gestor de usina. Primeiro, porque o satélite mapeia exatamente o seu canavial, ampliando a confiabilidade do prognóstico. Segundo, porque ferramentas como essa antecipam situações a tempo de minimizar os efeitos negativos do clima, além de indicar o melhor momento dos tratos culturais ou colheita.
Considerando médio e longo prazo, é interessante que o gestor não abra mão de elaborar planos de contingência para eventos climáticos desfavoráveis, como secas, chuvas excessivas e tempestades, visando minimizar os riscos. Explorar variedades de cana-de-açúcar resistentes às condições climáticas adversas, como calor e seca, também é uma alternativa interessante para se proteger.
Isso tem ainda mais importância durante a época da colheita. Um planejamento eficiente desta fase tão crucial contribui muito para a usina transformar o resultado do canavial em lucro. Por outro lado, este é um momento crítico da safra, pois envolve uma logística que inclui transporte, armazenamento e programação de mão-de-obra e da estrutura de equipamentos necessária.
Neste cenário, o uso de tecnologia e de sistemas de automação pode contribuir bastante. Afinal, além de permitir identificar por meio do monitoramento climático qual é o melhor momento para obter taxas mais altas de açúcar, a combinação da inteligência artificial com a atualização em tempo real da previsão do tempo aumenta a eficiência na hora de ir a campo, garantindo rapidez e agilidade para lucrar mais.
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