Há duas semanas, a Gamaya, cujas ferramentas analíticas preditivas cobrem aproximadamente 15% da área de cana de açúcar do Centro-Sul do Brasil, emitiu o primeiro relatório analítico de mercado sugerindo alguma melhoria para a produção de açúcar de 2022/23 (+3%) vs. a Safra 2021/22, embora a produtividade da safra atual continue muito abaixo do potencial.
Com 321 milhões de toneladas de cana colhidas até 15 de Agosto, a Gamaya estimou uma colheita de 59% da área total estimada, com um rendimento médio de 77,3 toneladas de biomassa por hectare e 136,7 Kg de açúcar por tonelada de cana. Para a área restante (3,1 milhões de hectares), no último relatório, projetamos que o TCH seria 13% mais elevado do que no mesmo período da colheita anterior, bem como a qualidade da matéria-prima (Kg ATR/ton de cana) sendo 3% mais baixa do que no mesmo período.
A nossa análise atualizada a partir de 5/09/2022 sugere que o progresso da colheita na principal área de cana foi significativamente mais lento devido às chuvas do mês de Agosto. Durante as últimas três semanas, a velocidade estimada da colheita foi 28% mais lenta em comparação com a época de 2021. Isso resultou em apenas 43,4 mt colhidos nas últimas três semanas contra 60,9 mt no mesmo período do ano passado.
Como resultado, desde o início da safra, o processo de colheita está ainda mais atrasado e até 5/09/2022 foram colhidos 363,5mt vs. 392,6mt da safra anterior 2021/22, o que representa um atraso de 11,5% na comparação sazonal.
Vemos também que as chuvas afetaram os níveis médios de ATR para a época de colheita atual que diminuiu ainda mais e agora estima-se que esteja ao nível de 138,2 kg/ton. desde o início da campanha de colheita.
Apesar dos atrasos na colheita, a nossa estimativa da produção total de biomassa de cana de açúcar mantém-se inalterada e deverá atingir os 545 mt na safra 2022/23. Ao mesmo tempo, os nossos modelos prevêem uma ligeira redução do ATR para 140,2 kg/tonelada, pelo que as perspectivas atuais de colheita tornarão ligeiramente inferiores, mas serão ainda 2,2% melhores em relação à safra de 2021/22.