Embora a jornada do Brasil em direção à sustentabilidade não seja recente, o RenovaBio trouxe um vasto potencial para a cana-de-açúcar e outras culturas de biocombustíveis. Isso apresenta desafios e oportunidades para aumentar os ganhos e, ao mesmo tempo, reduzir as emissões em toda a cadeia produtiva. Este artigo fornece uma visão geral do RenovaBio, descreve os principais desafios encontrados durante o processo de certificação e propõe possíveis soluções para garantir a obtenção bem-sucedida da certificação.
A cana-de-açúcar tem se destacado como um farol de sustentabilidade devido ao seu enorme potencial de sequestro natural de carbono, e considerando o fato de que o Brasil é o maior produtor mundial dessa cultura, torna o país um grande player no mercado sustentável. A cana-de-açúcar foi amplamente atribuída às políticas progressistas decretadas pelo governo brasileiro e, desde 2019, deu início ao novo programa RenovaBio.
A virada no cultivo da cana-de-açúcar para biocombustível ocorreu na década de 1970, quando o Brasil começou a reconhecer as vantagens de investir em biocombustíveis, e o governo brasileiro iniciou proativamente políticas (Proálcool em 1970) que estimularam a produção de etanol, posicionando-o como uma alternativa sustentável aos combustíveis fósseis.
Além do incentivo à produção de bioetanol com o Proálcool e das diversas leis de proteção ambiental que visam a redução da queima da palha, o RenovaBio é um marco significativo no compromisso do Brasil com o cultivo sustentável da cana-de-açúcar. Uma política abrangente que visa impulsionar a produção e o uso de biocombustíveis, principalmente o etanol, e o biodiesel, tendo como objetivo primordial computar os créditos de descarbonização. Promulgada através da Lei nº. 13.576/2017, o RenovaBio se alinha às obrigações do Brasil no âmbito do Acordo de Paris para combater as mudanças climáticas. A política promove a produção sustentável de biocombustíveis, enfatizando a eficiência energética e ambiental desses produtos.
O início das iniciativas sustentáveis de cana-de-açúcar no Brasil até o RenovaBio
Um bom exemplo do compromisso do Brasil com a sustentabilidade, no cenário agrícola específico, é a proibição da queima da cana-de-açúcar, principalmente em larga escala e com políticas diferenciadas dependendo do estado. Essa prática foi amplamente utilizada e agora está sendo substituída em sua maioria pela colheita mecanizada da cana crua. O Brasil, um dos maiores produtores de cana-de-açúcar do mundo, com mais de 8,1 milhões de hectares cultivados, tem desempenhado um papel fundamental na defesa de práticas agrícolas ecologicamente responsáveis.
Historicamente, a queima da palha da cana-de-açúcar era uma prática comum empregada para facilitar o processo de colheita. No entanto, levou à liberação de quantidades substanciais de dióxido de carbono e outros poluentes de gases de efeito estufa (GEE) na atmosfera, impactando tanto a saúde humana quanto o meio ambiente.
A produção de cana-de-açúcar tem um balanço positivo de carbono, pois absorve mais carbono do que emite, isso porque a queima da cana-de-açúcar é responsável por emitir cerca de 9kg de CO2 por tonelada de cana produzida, enquanto o processo de fotossíntese da planta remove cerca de 15 CO2 por tonelada de cana produzida (Impactos ambientais da queima da cana | Revista Cultivar). A eliminação gradual da queima da palha trouxe benefícios ambientais notáveis, com o governo brasileiro liderando essa transição.
Já com o RenovaBio, a política envolve um processo de certificação em que as usinas podem ser certificadas após comprovarem a sustentabilidade do processo de produção do biocombustível e obterem a classificação de eficiência energética e ambiental (NEEA). O NEEA é convertido em CBIOs em que a cada 1 CBIOs corresponde a 1 tonelada de CO2 que não foi emitida para a atmosfera. Os CBIOs podem ser vendidos na bolsa brasileira (B3), trazendo benefícios financeiros para as usinas certificadas. As usinas podem ser certificadas tanto pelo perfil padrão, o que significa que não estão fornecendo toda a documentação de gestão agrícola, industrial, elétrica e biocombustíveis, quanto pelo perfil primário, que é o caso quando a usina fornece toda a documentação da produção de biocombustíveis de o cultivo de colheitas na distribuição de combustíveis. Quanto mais informações fornecidas, maior o potencial para produzir mais CBIOs.
Desde 2020, há uma tendência de aumento no número de CBIOs (créditos de descarbonização), o que foi observado com 18,5, 24,86 e 35,98 milhões de CBIOs emitidos em 2021, 2022 e 2023, respectivamente (http://www.canaonline .com.br/conteudo/por-meio-da-verticalizacao-da-producao-irrigacao-por-gotejamento-impulsiona-geracao-de-cbios.html).
O RenovaBio utiliza uma metodologia denominada RenovaCalc para contabilizar a produção de impacto nas emissões de CO2, sendo que dois dos parâmetros contabilizados estão relacionados a práticas regenerativas, que consiste em deixar a palha no solo e a área total queimada. Os estudos de Faccini (2013) mostram uma redução de aproximadamente 310 kg CO2eq ha-1 ano-1 em GEE, e ao longo dos anos, o sequestro de carbono do solo pode ser contabilizado em 1.484 kg CO2eq ha-1 ano-1.
Outro benefício é o manejo sustentável da aplicação de fertilizantes utilizando alternativas à aplicação de N mineral, como a aplicação de vinhaça, que contém uma quantidade considerável de N e K. É possível manter a produtividade da cana mesmo reduzindo a dose de aplicação de mineral fertilizante com o incremento da vinhaça ou mesmo aumentando a produtividade com a aplicação de biofertilizantes em aproximadamente 30%, conforme apresentado por Gallucci (2019) e Zhang et al. (2017). Essas alternativas de fertilização podem ser benéficas na redução do impacto ambiental e na promoção de práticas agrícolas sustentáveis.
Embora os avanços na produção de cana-de-açúcar mais sustentável sejam notáveis, ainda há trabalho a ser feito para atingir todo o potencial de sequestro de carbono. A aplicação de práticas de agricultura regenerativa ajuda a capturar o real potencial de sequestro de carbono que o cultivo da cana-de-açúcar possui. Algumas das práticas que podem auxiliar são a rotação de culturas, o plantio direto, a colheita da cana crua, o manejo inteligente na aplicação de maturadores, o uso de técnicas de agricultura de precisão na aplicação de fertilizantes e o aumento da produtividade por meio de um melhor gerenciamento da aplicação de insumos .
Um desafio chamado dados primários: uma dolorosa dificuldade no RenovaBio
Embora aumentar a receita por meio do RenovaBio soe muito entusiasmante, alguns requisitos talvez não sejam tão acessíveis quanto deveriam ser quando falamos de dados que envolvem terceiros, como os fornecedores de cana-de-açúcar.
Segundo Agda Loureiro, líder de projetos sustentáveis da Gamaya “um grande desafio hoje no setor é a inserção de dados primários para a certificação RenovaBio, onde com a passagem de um produtor com documentação padrão para uma documentação primária, há potencial de ganhos adicionais de 4,5 CBIOs por hectare”
Para atingir todo o potencial de obtenção de CBIOS, as usinas enfrentam um desafio na obtenção e utilização efetiva de dados primários. Para participar do programa RenovaBio e reivindicar créditos de carbono, as usinas de cana-de-açúcar precisam fornecer dados precisos e detalhados sobre seus processos de produção, emissões e pegada de carbono geral. Isso requer a coleta e análise de dados primários diretamente dos processos de cultivo, colheita, transporte e produção de etanol da cana-de-açúcar.
Esses dados são essenciais para calcular a redução real da intensidade de carbono alcançada por cada usina e determinar sua elegibilidade para créditos de carbono. O desafio surge da complexidade de coletar dados primários precisos e confiáveis em todo o ciclo de vida da produção. Envolve não apenas o monitoramento das entradas e saídas de energia de vários processos, mas também a contabilização de fatores como mudanças no uso da terra, monitoramento e emissão de notas fiscais de insumos, emissões de transporte e impactos das práticas agrícolas no sequestro de carbono. A precisão desses dados é crucial, pois influencia diretamente os cálculos de intensidade de carbono e os consequentes incentivos financeiros para as usinas.
Superar o desafio de adquirir e gerenciar dados primários é essencial para que as usinas de cana-de-açúcar participem plenamente do programa RenovaBio e colham os benefícios dos incentivos aos créditos de carbono. Isso pode envolver investir em tecnologias avançadas de monitoramento, implementar medidas rigorosas de controle de qualidade de dados e promover a colaboração entre as partes interessadas do setor, reguladores e especialistas em práticas sustentáveis. A Gamaya entra no processo justamente para suprir a necessidade de expertise em tecnologia, como plataforma para dar suporte a todo o processo e proporcionar maior coleta de dados primários, sendo assertiva e confiável.
A Gamaya está pronta para facilitar os produtores e usinas de açúcar em todo o processo de certificação, do início o fim.
Com a aplicação de técnicas de agricultura regenerativa e observando todos os ganhos que a literatura já relata, será possível atingir os 15% de potencial de sequestro de carbono para a agricultura. Buscando esta oportunidade única, a Gamaya está lançando o CanaTrace, uma plataforma que apoia as usinas de açúcar e os produtores de cana-de-açúcar do início ao fim do processo RenovaBio, ajudando os diferentes atores da cadeia de suprimentos a coletar dados do campo usando sua poderosa inteligência artificial como o chave para melhorar a produção de cana-de-açúcar e, consecutivamente, reduzir as emissões de carbono gerando CBIOs mais válidos para toda a cadeia.
“A Gamaya está em busca de apoiar os produtores a se aproximarem de 100% da área certificada com dados primários e atingir o ganho potencial dos CBIOs, juntamente com ferramentas que auxiliem no aumento da produtividade da lavoura.” afirma Yury Vasilkov, CEO da Gamaya.
O CanaTrace é dividido em três etapas, sendo a primeira, relacionada à habilitação, a verificação de todas as áreas de produção de acordo com os requisitos do RenovaBio, especialmente o diagnóstico do índice de desmatamento nos últimos cinco anos, a segunda é o monitoramento contínuo do desmatamento durante todos os temporada, com o objetivo principal de garantir parâmetros comerciais e reputacionais para nossos clientes, e o último relacionado à coleta de dados dos campos visando coletas confiáveis durante o ano, usando os recursos CanaSight da Gamaya, com todas as evidências para comprovar as melhores práticas de usinas e produtores de açúcar que fazem parte desta importante certificação.
No curto prazo, a CanaTrace também apoiará a RenovaBio nos processos de etanol de milho e biodiesel de soja no Brasil.
Garanta o abastecimento sustentável, evite riscos ocultos e obtenha mais CBIOs, esses são os nossos compromissos com você e com o seu negócio!
Quer ter sucesso na sua certificação RenovaBio?
Conte com a CanaTrace, inteligência da Gamaya, e obtenha mais CBIOs por hectare no RenovaBio!